terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Muitos Carnavais


Carnaval é um vício. E como no alcoolismo, quando a pessoa tem um componente de dependência não se cura nunca. Experimenta bem pequenininho, vestido de pirata, aladim, baianinha, odalisca, cigana - ou chora, tem medo, fica de calundú (e logo que tem vontade própria abandona a festa) ou adora e sonha com o dia em que confete e serpentina, fantasia e música chegam de novo em sua vida. Vive então a fruir anualmente seus momentos de loucura. Na adolescência arruma uma turma bem animada e atrevida, e apronta cada uma que durante o resto da vida vai resgatar na memória cada vez que ouvir uma marchinha, uma guitarra baiana ou o bater do tambor. São os fisgados, os viciados...
Uns se entregam toda vez, não passam sem aquilo. Outros, mais racionais, vão e vem. Viajam para fugir do vício, pois se ficarem por perto, pode crer, sucumbem. Vão nem que seja para olhar, criticar, dizer que já não é mais a mesma coisa, que perdeu a graça, que perdeu a força e a tradição, mas desejam no fundo poder se entregar à bendita loucura!
Tragédia das boas é um carnavalesco casar com um não-carnavalesco. O carnavalesco é um incompreendido. Passa a conviver com um personagem interno que precisa ser escondido do outro. Tem uma dupla personalidade! Uma vozinha fininha de Careta que fala em sua cabeça. Precisa provar que amadureceu, que deixou para trás sua ludicidade, sua alegria sem motivo, sua vontade incontida de enlouquecer. Que drama pessoal! Só ele sabe que traz em si uma vontade irracional de enfiar o pé na jaca, de descer a ladeira sem por o pé no freio... Qual, se deixar, se aparecer um amigo das antigas, se tomar um primeiro gole, olha ele lá, desinibido, inventando um motivo para ir na festa, prá cair na farra, prá botar o bloco na rua.
O não-carnavalesco diz que quer aproveitar tantos dias para viajar - o carnavalesco faz a conta, não daria para ficar um dia ou dois antes de partir? Bom período para descansar - e o carnavesco descansa com um copo de cerveja assistindo o carnaval pela tv, balançando o pezinho. Será que quando estiver bem descansado pode ir dar uma cansadinha light na Avenida?

Hoje é terça-feira gorda de carnaval. Atenção para a última chamada!


foto: Aristeu Chagas

5 comentários:

Patricia disse...

Nanda, eu sou una carnavalesca incompreendida! Incompreendida em uma cidade de 30.000 pessoas. O carnaval de Lentini se resumiu em dois dias na praça principal (a da igreja madre), com crianças fantasiadas (as meninas de princesa, os meninos de super-heroi)que jogavam confetes nos outros (atè hoje eu acho confete nas meus bolsos). E o pior... no palco uma banda que tocava desde sambas dos anos 70 atè YMCA-macho man. Somente eu dançavaaaa!!!
Pronto, desabafei.
Beijao
Pati

Anônimo disse...

Como eu me ví no seu texto...
Carnaval é um vício como outro qualquer e eu querendo me curar...

Unknown disse...

"Uma mulher tendente aos vícios" sou eu. O diacho é que são os vícios que me abandonam. Pode?

teste 245 disse...

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